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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

S. Valentim, o Santo Capitalista.










Dou por mim neste mês Fevereiro, e a matutar na periodicidade das festas mais ou menos católicas, e das quais se alimenta a fome capitalista, são elas:

1. Em 14 Fevereiro, dia de S. Valentim (o santo, não o major de barbas).
2. 16 De Fevereiro, carnaval.
3. 4 De Abril, Pascoa 
4. 1 De Novembro, todos os santos.
5. 25 Dezembro, Natal
6. 1 De Janeiro. Ano novo

Todos estes dias são dias de ir à carteira do Zé Povinho, e dos Otários e trouxas deste País terceiro-mundista!
No corrente mês de Fevereiro é mesmo quase impossível não se pensar no dia de S. Valentim, ou dia dos namorados como é vulgarmente conhecido. Desde o fim da época natalícia que começamos a ser bombardeados com a publicidade consentânea ao dia de S. Valentim, em tudo quanto é meio de comunicação social, o que eles fazem nada mais é que bombardear-nos constantemente com bagulhos, até que as mentiras inúmeras vezes repetidas se transformem em verdades absolutas. Daí até já não concebermos a nossa vida sem um dia S. Valentim em conformidade com a publicidade em questão, previamente vendida através da publicidade, sem que disso déssemos conta, é um pequeno passo, sem que dele nem nos apercebamos tão-pouco…  dia de S. Valentim isto, dia de S. Valentim aquilo.  
Tiram-nos o dinheiro do bolso mesmo ainda antes de nós darmos conta! Um roubo à mão armada é bem mais digno de respeito, porque ao menos o gatuno, não conta com ajuda e simpatia das (nossas ou nossos companheiros, esposas ou namoradas), avisa da sua intenção prévia de nos gamar a carteira e todo o seu recheio incluindo telemóveis e ocorre geralmente através de uma arma de fogo (bem mais convincente que a publicidade) e deste podemos sempre apresentar queixa nas autoridades do sucedido.  
Com tanta pamonha dou comigo a dar razão aos fundamentalistas islâmicos, e ao receio que demonstram para com o capitalismo ocidental, e a sua capacidade de perversão e usurpação dos valores tradicionais da nossa sociedade de índole cristã. É de registar que eles não temem os blindados nem aviação americana, mas é relativamente fácil para eles identificarem a sua mais perigosa das armas: o Capitalismo. Reparem, com bombas e mísseis podem eles bem… agora com o capitalismo não há muçulmano que resista! Qual é o muçulmano que iria resistir a comprar uma bíblia se ela viesse acompanhada de um poster da Pamela Anderson semi-nua? Vender-se-iam que nem ginjas…
Estes indivíduos (os mesmos que nem o nascimento e morte de Cristo respeitam), usurparam e perverteram as grandes datas sagradas para o cristianismo e sociedade ocidental, transformando-as em ícones capitalistas e consumistas… é a beleza do capitalismo e consumismo exacerbados no seu expoente máximo… Estes indivíduos capazes de venderem um par de botas a um amputado das pernas, não conhecem limites. Para combate-los é necessário a mesma tenacidade e ferocidade com que eles nos atacam, é necessário para isso:
1. Ter uma vontade férrea e uma mente forte, e conseguir assistir a Tv. e jornais sem conseguir ir no paleio consumista (o que é difícil).
2. Não ter dinheiro absolutamente nenhum, (o que julgo a melhor estratégia), pois assim mesmo que a mente não vença o desejo, a falta de liquidez momentânea resolve o problema, quando vier a ter dinheiro já o seu desejo de possuir determinado objecto capitalista, foi substituído por um outro desejo. E terá aprendido com isso.  
3. Não possuir igualmente dinheiro absolutamente nenhum, mas ainda assim fazer um credito em seu nome, ou em nome de alguém (que nunca irá pagar, está parte é importante) para assim lixar forte e feio o capitalismo no seu próprio jogo. Este sistema apresenta a vantagem de aparentemente aos olhos dos capitalistas entrar no jogo deles, quando na verdade são pessoas como você que irão destruir o sistema.  
Não é por acaso que a sociedade actual é quase uma sociedade totalmente desapropriada de valores, e digo quase porque o consumismo, a posse, o adquirir é mesmo o único valor que realmente interessa a sociedade actual.
Abdicamos da nossa liberdade em troca do consumismo, permitimos que a publicidade nos media tolde o nosso raciocínio e dos nossos filhos a troco de pouco/ou quase nada pagarmos pelo consumo dos mesmos conteúdos dos media. Trabalham diariamente nas vossas empresas, nos vossos empregos, e para quê? Para cada vez mais deverem à banca? Nada é vosso… o carro pertence ao banco, como igualmente a vossa casa… e quando vierem a pertencerem a vocês, já terão pago 2 vezes mais o valor dela! Já nada mais irá restar que juntar uns tostos da reforma para pagar o caixão!  
A única coisa que temos de nós mesmos, é a nossa liberdade, mas se através do trabalho, abdicarmos dela em favor do consumismo, estamos a prostituirmo-nos ao capitalismo. Que julgam? Que pensavam fazer quando chegarem à reforma? Que trabalharam muito, mas agora tem a vossa casa e o vosso carro pago? Pode até ser verdade mas os anos perdidos de juventude em prol do capitalismo ninguém lhos pagará… 
De certa forma vivemos numa sociedade castradora e restringidora da liberdade alheia, que nos obriga, directa ou indirectamente a abdicar da única coisa que conquistamos em séculos de humanidade - a Liberdade!
A sociedade sob pena de nos excluir dela própria. Obriga-nos a possuir… um carro, um telemóvel, roupa, comida! Tudo para que nos consigamos sentir incluídos! Tudo pelo qual é necessário pagar… e tudo para ser pago exige dinheiro… que por sua vez exige trabalho…. Que por sua vez exige parte da sua liberdade! Obrigando-nos a entrar no jogo do capitalismo, e numa sequência interminável que nem com a morte termina.  
Dirão os mais cépticos que temos a liberdade de comprarmos ou não as pamonhas que nos são impingidas ciclicamente, mas a verdade é nua, é crua, a partir do momento que incutem em nós o desejo de posse e de consumo… enfim de possuir algo, passa a intrínseco em nos… desejamos sem nos darmos conta! Entramos na grande roda do capitalismo, da qual nem morto é possível sair!
A verdade é certa, também nunca fui muito ligado nos bagulhos de religião, nem sei quem foi S. Valentim ao certo, mas a verdade é que este parece-se cada vez mais com o único Valentim que conheço – o Major, um tipo já de idade com barbas brancas (...). Apesar de não conhecer o verdadeiro Valentim, (o Santo) acredito que S. Valentim tivesse realmente boas intenções, ao contrário desta malta do capitalismo.  
Imaginem agora o capitalismo nas sociedades islâmicas, a malta sem escrúpulos a tentar fazer o mesmo com o nascimento de Maomé, ou ainda a festejar o suicídio de um daqueles mártires que à conta de se fazer explodir jaz no paraíso com 12 virgens à sua conta, pela certeza ainda tentariam vender-lhe mais 12 para acabar com a desgraça do homem. Ou para pior venderem massivamente kits e livros de auto-ajuda na auto-explosão, no qual o slogan iria ser:  Faça-se explodir a si mesmo em 6 simples passos, e estará rapidamente no paraíso com 12 virgens… e se ligar hoje e apenas hoje ainda oferece-mos, não 12, mas 24 virgens à sua escolha totalmente grátis!

O Capitalismo no seu maior!





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